Assunto já bastante debatido nos círculos acadêmicos é a importância da História para a formação do cidadão. As novas tendências pedagógicas e as leis gerais que regem a educação brasileira trazem a noção de formação integral do sujeito. Uma das características mais importantes deste indivíduo é a de ter a capacidade de análise crítica das coisas e, para tal, o conhecimento a respeito das realidades social, política e econômica do país em que vive é fundamental! Aliás, isso é obrigatório no currículo da Educação Básica brasileira.
Ao tratar do currículo desse nível de ensino, o parágrafo 1º do artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, Lei 9.394/1996, diz que “Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.”[1] O estudo da História do nosso país pode ajudar bastante nesse processo. Pensando nisso, hoje eu lhes apresento livro História do Brasil, do historiador paulista Boris Fausto.
A obra pode servir de introdução ao processo de aprendizagem a respeito da nossa realidade enquanto nação. Publicado pela primeira vez no ano de 1994, o livro, que é dividido em 12 capítulos, apresenta-nos a história do nosso país de maneira clara e didática, e perpassa as três grandes temporalidades da historicidade política do Brasil: Colônia, Império e República.
O seu conteúdo é muito indicado àqueles que estejam tentando compreender um pouco o processo histórico brasileiro, ainda que não seja estudante de História ou ligado a essa área. Aliás, o livro também foi pensado, inclusive, para ser usado no Ensino Médio da Educação Básica. Importante: muitas questões de vestibulares, ENEM e, até mesmo, de concursos públicos têm como base o que foi escrito em História do Brasil. Ele definitivamente não foi pensado apenas para o público acadêmico! Sabemos que muitos livros de História, devido à linguagem rebuscada e texto cheio de citações e referências que os extrapolam, não são acessível ao público em geral.
Entretanto, nem tudo são flores. É necessário que apresentemos alguns comentários que os leitores desse livro sempre fazem, quando tratam a respeito dessa obra. O que noto é que, em geral, fazem referência, sobretudo, a dois pontos básicos:
1- O autor não deu a mesma “importância” aos três períodos históricos, politicamente falando. É evidente que a República ganhou destaque. O autor diz:
“Se dei maior ênfase ao período mais próximo de nossos dias, foi porque ele se encontra em parte presente na nossa memória e porque incide diretamente nas opções da atualidade. Não há como negar, por exemplo, que estamos mais interessados na significação do regime militar do que nas capitanias hereditárias.”[2]
Dito isso, sabemos, igualmente, que os estudos de Boris Fausto se concentraram, ao longo de sua vida enquanto historiador, na experiência republicana no Brasil.
2- O autor não deu a mesma “importância” às múltiplas dimensões históricas, se concentrando nos aspectos políticos e econômicos. Outros, como o cultural, ficaram claramente de lado. Mas, é evidente que quem se propõe a escrever uma história de mais de 500 anos, num único livro, deve fazer alguns recortes. Vejamos o que Boris diz sobre isso:
“Entre tentar ‘incluir tudo’, com o risco da incongruência, e limitar-me a estabelecer algumas conexões de sentido básicas, preferi a segunda opção. Com esse objetivo, procurei integrar os aspectos econômicos, político-sociais e, em certa medida, ideológicos da formação social brasileira, deixando de lado as manifestações da cultura, tomada a expressão em sentido estrito. Essa exclusão não se baseou em um critério de relevância, mas de outra natureza que é necessário esclarecer. Parti da constatação de que o inter-relacionamento entre a estrutura socioeconômica e as manifestações da cultura é por si só um problema específico, que demanda seguir outros e difíceis caminhos. Como não poderia percorrê-los, preferi deixar de lado os fatos da cultura, em vez de simplesmente enumerá-los, em um esforço de mera catalogação”.[3]
Concluímos que, apesar desses dois pontos, que realmente são problemas para alguns, o livro História do Brasil, de Boris Fausto, é um excelente “manual” de História do Brasil. As vantagens da sua leitura são diversas, incluindo a possibilidade de uma boa formação política a respeito das transformações pelas quais passou o Brasil – o que contribui para nossa formação enquanto cidadãos integrais – e boa preparação para ENEM, vestibulares e provas em geral que cobrem a temática "história do Brasil".
[1] Grifo meu. LDB, disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 27 de abril de 2020.
[2] FAUSTO, 2019, p. 15.
[3] FAUSTO, 2019, p. 14.
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