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Caminhos para fazer divulgação científica de História

Atualizado: 7 de out. de 2020

Nosso tempo nos impõe uma difícil tarefa, é preciso combater os negacionismos científicos. Mas, nesse contexto, como enfatizar a importância da História em nossas vidas?


Que a História é uma disciplina milenar, já sabemos. Fundada por Heródoto (485 a.C.425 a.C.) quando este decide escrever os fatos no interior da invasão da Pérsia, seus escritos tornam-se para humanidade importante referência na forma de atribuição de conhecimento. Na modernidade, várias são as discussões História é ciência? História é literatura? Embora este debate tenha sido intenso, a definição da História como ciência é hoje unânime.



A História investiga o passado, ou melhor, segundo celebre autor francês, March Bloch (2001): “a história é o estudo do homem no tempo”. Cabe a ela a investigação das experiências do homens no tempo. O historiador observa a experiência humana do homem no espaço – tempo: passado, presente e futuro, como ele mobiliza estas categorias e se organiza nos inúmeros processos presentes em uma determinada temporalidade. Diante desta observação a um amplo conhecimento que torna nossa consciência histórica não apenas mais rica, como também nos ajuda a criar repertórios para agirmos em sociedade dentro de nossos próprios tempo – espaços. A História também possibilita nossa postura crítica diante das ações humanas no tempo, bem como torna possível observarmos as diferenças de cada tempo, compreendendo assim as peculiaridades de cada época.


A ética é o elemento essencial que define a História como Ciência isto é, a forma no qual o Historiador deve olhar para o objeto com seu compromisso com a verdade dos acontecimentos. É esta a característica no qual é possível trazer a garantia e confiabilidade para os estudos da História.


Nas últimas semanas, a comunidade de Historiadoras e Historiadores, mobilizou-se em torno da aprovação da regularização da profissão. Foi preciso não apenas marcarmos nossa presença em cima dos parlamentares mas também certo esforço para mostrarmos a sociedade a importância da História para sociedade. Nos últimos tempos um crescente número de blogs, podcasts, redes sociais no geral, se ocuparam com essa articulação. Não apenas o Máquina dos Tempos, mas inúmeros esforços trouxeram visibilidade para nosso árduo trabalho que vai muito além do que uma ida a arquivo. Constatar que ela está presente de maneira que muitas vezes não percebemos não é tarefa fácil. Assim como não é fácil elaborar as maneiras de tornar essa presença da História visível no cotidiano comum. Contudo, é no presente que movemos nossas questões, logo, estar conectado com este tempo e em permanente diálogo com ele é também fundamental para o oficio do historiador.


O Máquina dos Tempos conversou com responsáveis de diferentes meios de veiculação de conteúdos. As estudantes de graduação em História da UFMG, Gabriela Sarmento e Gabrielle Noacco, responsáveis pelo Instagram Bruxas da Modernidade. Também a doutoranda da UFOP, Helena Azevedo Paulo de Almeida, uma das editoras do HHmagazine e responsável pelo conteúdo do Podcast Indígenas: os povos originários do Brasil. E, por fim, o Historiador Jonas Carreira, responsável pelo canal “Na História”, do grupo TV Jovens Cronistas.


1. BRUXAS DA MODERNIDADE

Logo. (Divulgação: Bruxas da Modernidade).

Primeiramente Gabrielle e Gabriela vocês podem se apresentar, falando um pouco do que levou vocês a cursarem história?


Gabriela: Andrea, muito obrigada pelo convite! Eu estou no último semestre do curso de história, me formando agora. No ensino médio tinha muito gosto pelo conteúdo de história e queria ser professora. Entrei na universidade somente com esta ideia, mas aos poucos fui tendo contato com a pesquisa e percebendo a importância de se fazer pesquisa, mesmo para ser professora. Ao longo da graduação me interessei muito pela temática de história das mulheres, e busquei tratar nos trabalhados da faculdade deste recorte.


Gabrielle: Entrei em história na UFMG no primeiro semestre de 2018. Durante minha trajetória do Ensino Médio estava voltada para área de tecnologia, tanto que integrado ao ensino regular realizei um curso técnico em TI, com o qual trabalhei por um curto período de tempo. Entretanto, ao longo do tempo, fui sentindo que não tinha tanta identificação com a área por ser muito técnica e queria me envolver de forma mais ativa com a educação. Ao prestar o vestibular, escolhi a área de História por ter uma identificação forte com a matéria desde o ensino médio e por possibilitar essa atuação com a educação.

Gabrielle, graduanda em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. (Fonte: Acervo Pessoal).

Como é o desenvolvimento da Iniciação Científica? Como é desenvolver pesquisa ainda na graduação?


Gabrielle: Na Universidade, fui me interessando pela pesquisa por entender isso como parte importante e que acrescenta ao trabalho do professor. Após cursar as aula de “História Moderna”, ministradas pela professora Sílvia Liebel, e uma optativa chamada “Revoluções e suas ausências na Europa Moderna”, ministradas pela doutoranda Lívia Roberge, criei gosto pela período moderno e as possibilidades de se trabalhar com gênero dentro da pesquisa histórica. A professora Sílvia Liebel é uma das únicas pesquisadoras do departamento de história da UFMG que tem um projeto institucional que se debruça sobre a história das mulheres e as suas representações. Para tanto, integramos o projeto sobre “Mulheres desregradas: narrativas de crimes femininos nos dois lados do Canal da Mancha (séc. XVI e XVIII)” e o projeto “Cultura impressa e caça às bruxas na Europa Moderna (França e Inglaterra séculos XVI e XVII)”. A trajetória nesses projetos, auxiliaram a perceber o quanto a possibilidade de desenvolver pesquisa na área, acrescenta a nossa trajetória discente, já que torna possível o contato com fontes históricas e com teorias históricas de forma muito mais intensa. Descobrimos que estudar mulheres não é simplesmente acrescentar uma nota de rodapé onde citamos alguns nomes, mas construir uma história que use o gênero como categoria analítica. O que a pesquisa com a professora Sílvia nos permite é perceber como as mudanças no período moderno, a política, o poder, o direito, a cultura estão ligadas a delimitação e imposição de papéis de gênero.

Por que se preocuparam com a divulgação desta pesquisa? Vocês têm recebido um retorno positivo?

Gabriela: Apesar de existirem muitos canais e perfis que falam de história na internet, quando busquei por algo que tratasse da história da bruxaria os perfis eram muito ligados a movimentos religiosos, como wicca, ou ideias do sagrado feminino, não encontrei historiadoras falando disso.

Percebemos uma oportunidade de trabalhar um assunto que é muito mistificado, e pensado por uma visão hollywoodiana, dos filmes e das séries. Além disso, o período moderno é um período que é muitas vezes apagado. Por mais que na faculdade estejamos acostumadas com uma divisão quadripartite da história (antiga, medieval, moderna e contemporânea) a modernidade é uma época nebulosa para muitos estudantes e é importante delimitarmos do período que estamos falando.
Gabriela Sarmento, historiadora em formação pela Universidade Federal de Minas Gerais. (Fonte: Acervo Pessoal).

Quando eu trabalhei em cursinhos era comum os alunos me dizerem que “após a idade média temos o renascimento, a revolução industrial…” como se esses dois fatos fossem de datas muito próximas, e a modernidade aparece em um local de entre- espaços. Alguns elementos são associados a idade média (como a caça as bruxas) e outros ao período contemporâneo (como o renascimento), enquanto precisamos entender que estas contradições são parte da modernidade. Conhecer o período histórico em que se passou a bruxaria nos ajuda a entender o que foi a bruxaria, quem eram as mulheres acusadas e por quais razões. Por isso entendemos que é tão importante um perfil que trate de bruxaria no período moderno, entendo as construções de arquétipos, como surgiram determinadas ideias, e quais eram os significados, no contexto estudado.


Como vocês pensam a transição da linguagem acadêmica para as mídias sociais?


Gabrielle: Nosso público é composto, principalmente, de mulheres jovens com a faixa etária dos 18 aos 34 anos, para tanto buscamos fazer essa transição pensando sempre em quem está seguindo a página. Como também somos consumidoras de conteúdos do Instagram, sempre nos inspiramos pela forma com que outras páginas se desenvolvem, reparando o que preferimos consumir e razões pelas quais deixamos de seguir determinado conteúdo. Nesse sentido, buscamos fazer um conteúdo mais pessoal e jovem, já que identificamos que há muitos podcasts ou outros influenciadores que produzem um conteúdo mais denso. Nossa proposta é que seja um conteúdo inicial e que motive as pessoas a procurarem outras plataformas e mais sobre o assunto. Para tanto, sempre trazemos indicação de livros e de outros pesquisadores do assunto que foram importantes também para a nossa formação enquanto historiadoras. Outro ponto que nos preocupamos é perceber como as temáticas e reivindicações atuais se conectam com o tema da página. Como já citado, March Bloch nos mostra que a história é a ciência dos homens no tempo, então se nos interessamos por história das mulheres, isso traz muito das nossas pautas atuais do feminismo, e da participação feminina na sociedade. Ao tratar de bruxaria, precisamos entender como as mulheres foram personagens centrais dessa narrativa, e os discursos de foco na figura feminina e história das mulheres nos ajudam a nos conectar com esse público interessado nos debates feministas.


Esta experiência na administração do Instagram tem alterado os rumos da pesquisa?

Gabriela: Em partes; percebemos que algumas questões da nossa relação com a pesquisa mudou, mas a prática metodológica não. A pesquisa costuma ser uma atividade muito solitária, lemos, fichamos, e os momentos de troca ficam restritos aos grupos de estudo. Com a página temos uma resposta constante das pessoas, quando aprendemos algo novo podemos compartilhar e isso gera um retorno muito positivo para continuarmos a divulgação, perceber que conseguimos de fato alcançar quem se interessa pela temática. No entanto, a forma com qual desenvolvemos a pesquisa, o que buscamos dos livros e das fontes não mudou e consideramos isso uma coisa boa. Pensamos sempre em como a nossa pesquisa, as técnicas que aprendemos na faculdade devem vir primeiro, para não nos afastarmos da metodologia. Justamente por ser um tema tão “fantasioso”, que gera brechas para o imaginário e mesmo para o religioso, tentamos nos manter conectadas com a narrativa historiográfica, citando os autores que usamos, e trazendo fontes para a página.


2. HHmagazine e Podcast Indígenas: os povos originários do Brasil


Logo. (Divulgação: HHMagazine).

Helena, qual sua trajetória acadêmica, pode falar um pouco sobre ela? Atualmente o que é sua pesquisa no doutorado?


Doutoranda pela Universidade Federal de Ouro Preto, Helena Azevedo Paulo de Almeida. (Fonte: Acervo Pessoal).

É um prazer conversar com você, Andréa! Bom, eu tive o privilégio de conseguir me envolver em muitas pesquisas durante a graduação, desde da história da sexualidade à educação e arqueologia. É justamente pela arqueologia que eu consegui iniciar meu aprendizado sobre temática indígena (um aprendizado infinito, diga-se de passagem). Após um ano na arqueologia, iniciei meus estudos sobre povos indígenas (mais precisamente os conhecidos vulgarmente como Botocudos) no período Colonial, que foi o recorte da minha monografia, ao fim do curso (sou licenciada e bacharela em História). Já no mestrado, eu procurei pesquisar sobre a representação dos indígenas nos materiais escolares, mais precisamente sobre um material específico, muito utilizado na Primeira República, que eram os Livros de Leitura. Agora, no doutorado, permaneço no recorte de Primeira República brasileira, mas tentando entender como os não-indígenas mobilizavam a presença indígena e sua representação em materiais de leitura (periódicos, materiais escolares, revistas infanto-juvenis, enfim, materiais culturais e mais precisamente o que chamamos de uma produção de cultura histórica). Essa mobilização é fundamental para entender como a opinião pública era construída em relação aos povos originários e, de muitas formas, como persiste hoje.


O que te levou a entrar na equipe do HHmagazine? Como você enquanto professora também vê esse movimento de ocupar os diversos meios de comunicação?


Desde a graduação eu tentava debater a importância da produção de cultura histórica, ou seja, de como o conhecimento histórico é mobilizado em diversos espaços e não exclusivamente pelo historiador/professor de história. Naquele momento havia muito menos interesse do que hoje. Historiadores importantes e precursores que se aventuravam no âmbito da divulgação científica eram, muitas vezes, ridicularizados por tentarem ocupar esses espaços. É importante dizer que informações históricas não são neutras, como muitos tentam defender, e tudo parte de um determinado lugar de fala e que, muitas vezes, são materiais produzidos por pessoas sem a menor formação ou preocupação científica (sim, porque História NÃO É opinião! É ciência!).

Por isso é importante que nós ocupemos esses espaços, caso contrário, outros os ocuparão (como já ocupam) e irão mobilizar esses conhecimentos sem o rigor científico necessário.

É também por isso que a regularização da profissão do historiador foi tão importante. Ser selecionada para atuar na HHMagazine foi uma conquista enorme pra mim, por isso tudo! Porque, assim como o Máquina dos Tempos, a HHM se compromete a oferecer conteúdo científico, de qualidade e, principalmente, acessível a todos. Esse é o objetivo em ocupar esses demais espaços, salientando a História como ciência.


O que são os podcast do “Indígenas: os povos originários do Brasil”? Qual importância dele para propagação do conteúdo cientifico produzido no interior da universidade?


A ideia do podcast surgiu da sala de aula, literalmente. Quando atuei como professora substituta na UFOP, tive o privilégio de ser responsável pelas aulas de Ensino de História para o curso de Pedagogia. Após a finalização da disciplina um dos meus alunos, o Gláucio Santos, que também era funcionário na Rádio UFOP, surgiu com a ideia dos podcast. Apelidamos eles de “convites à reflexão”, pois são programas curtos, de 4 a 5 minutos, e cada um traz um questionamento que parte dos inúmeros estereótipos persistentes sobre os povos indígenas no Brasil. O programa foi pensado (e espero que ele seja utilizado dessa forma) para o auxílio da formação do professor que, na maioria esmagadora de vezes, não tem o devido preparo para abordar as temáticas indígenas. Claro, é importante dizer, isso não é culpa exclusiva do professor (não devemos culpabilizar a nós mesmos por um problema estrutural). A realidade da maioria dos docentes, ensino básico ou superior, é de falta de tempo no preparo das aulas, falta de apoio institucional para continuidade na formação... enfim, ser professor não é fácil ou, como disse o atual presidente do Brasil, como se não quiséssemos trabalhar... Ralamos muito para oferecer um conteúdo de qualidade aos alunos, mas nós, como humanistas, temos o dever de não colocar panos quentes sobre inúmeros assuntos delicados. É um dos motivos sobre os ataques aos professores e historiadores.


Falar para um público não historiador é algo novo? O que é necessário e qual importância dessa ponte?


Acho que não é novo, mas acabamos por esquecer disso. Afinal, quando atuamos em sala de aula, não estamos falando com historiadores, não é mesmo? Acho que a questão é que durante a graduação, principalmente, acabamos por nos “acostumar” a falar pra um grupo de especialistas que são nossos professores, nossos colegas em congressos.

Entramos em uma lógica academicista, como se esse fosse o único ambiente para atuação, quando na verdade é um ambiente extremamente privilegiado!

Principalmente se estamos falando de uma instituição de ensino superior pública: os debates tangenciam o ideal, já que conversamos com quem teve leituras próximas a nós, que querem te ouvir, que sabem (ao menos na maioria das vezes) que estão ali para aprender. Quando saímos desse ambiente minimamente ideal, levamos um choque! Seja na atuação em sala de aula, seja ao conversar sobre política com um familiar ou vizinho. Muitas vezes a reação é de negação do que temos a falar, porque é nosso papel tocar em feridas que querem ser escondidas... é nosso papel trazer à tona o que querem (governo, mas a sociedade de forma geral também) varrer pra debaixo do tapete, sabe? Não é nosso papel, ao menos não necessariamente, agradar nosso público... e é justamente daí que vem o choque, vem as reações negacionistas, vem as perseguições com os professores e com os historiadores. Ocupar esses espaços é resistência!


Por que divulgar conteúdo histórico? O retorno tem sido positivo? Como isso afeta sua pesquisa acadêmico- cientifica?


Divulgar conteúdo histórico é atuar de maneira cidadã na sociedade, e pra mim, que estudei em uma instituição pública, é também dar o retorno à sociedade que me financiou. E esse retorno é através da educação. Divulgação científica se encontra, assim, no âmbito da educação não-formal e o retorno tem sido muito positivo. Pelos podcasts ou pelas publicações na HHM, eu tenho percebido que o conteúdo tem ensinado muito, mas eu também tenho aprendido muito também, até mais do que ensinado! Acho que todo bom professor nunca deixa de ser estudante, e isso se relaciona também diretamente com a pesquisa no doutorado. Desde que passei no processo seletivo, meu projeto mudou drasticamente, justamente pelas demandas sociais divulgadas pelos movimentos indígenas, mas também por parte dos meus alunos e do retorno que a divulgação científica me oferece. Acho que fica evidente o quando o historiador pesquisa o passado para falar do presente, e sai do presente com perguntas para serem, minimamente, respondidas pelo passado; para entender essa bagunça que nos encontramos atualmente... o que volta a explicar os ataques que sofremos e continuaremos sofrendo. Enfiar o dedo na ferida dói, afinal de contas. Então eu vejo, cada vez mais, como a divulgação científica se encontra na ordem da resistência intelectual: pesquisa não está desconectada da atuação como professora, que não está desconectada da divulgação científica. É preciso entender isso para valorizar e divulgar a História como ciência, e isso é urgente.


3. NA HISTÓRIA

Logo. (Divulgação: Na História).

Jonas, pode falar um pouco sobre sua formação acadêmica e profissional?

Jonas Carreira, graduado pela Universidade de Brasília e pós-graduado em ciências políticas, atualmente educador social. (Fonte: Acervo Pessoal).

Sou formado em História pela Universidade de Brasília (UNB) e pós-graduado em ciências políticas. Fui professor do ensino básico na Região do Lagos-RJ e, atualmente, em Brasília. Educador social (pré-vestibular) em áreas periféricas do DF.






Poderia nos dizer como chegou a fazer parte da equipe do cana Jovens Cronistas? Qual a proposta desse canal?


Cheguei ao projeto Jovens Cronistas através de uma live em que era discutido e analisado conjuntura política do país. O canal tem um conteúdo jornalístico com viés progressista e educacional.


Sobre sua live semanal, no qual é responsável, o “Na História”? O que te motivou a criá-lo?


A live tem o objetivo de convidar professores e professoras de História para levar ao público conhecimento histórico e temas de vestibulares no País. O “Na História” foi criado no contexto de pandemia. A crise da pandemia exacerbou a crise educacional que já estávamos vivendo, sendo assim, para ajudar aos jovens que foram prejudicados, o projeto Jovens Cronistas e eu decidimos criar a live. Acabou que a live uniu a necessidade de se transmitir conhecimento histórico com o processo de preparação dos jovens vestibulandos.


Quais impactos você acredita que esta divulgação de conteúdo da História pode gerar na sociedade?


Diante da conjuntura político social que estamos vivendo atualmente, eu vejo os impactos a longo prazo.


O “Na História” e outros trabalhos de companheiros, além de ser um meio de comunicação educacional, é, também, uma ferramenta de luta política de oposição ao negacionismo historiográfico que se tornou hegemônico no país. Portanto, acredito que podemos gerar tanto jovens críticos e transformadores do seu contexto social quanto tirar a sociedade dessa debilidade que a tornou inepta ao conhecimento histórico.

A experiência em articular o canal tem alterado as suas travessias profissionais? De que maneira?


Alterou e muito, tem sido quase que um projeto de inclusão digital para minha vida profissional. Tenho aprendido cada vez mais a lidar com a tecnologia e me adaptar a oralidade sem a presença física do público, tem sido um desafio que acredito que seja compensador no futuro...


Concluo que em meio a tantos negacionismos, a tantos apagamentos da pesquisa História no Brasil, é um prazer imenso iniciativas como as que aqui foram apresentadas. Espero que nossos leitores se inspirem, sigam nossos colegas e busquem sempre trabalho de profissionais generosos e cuidadosos com a divulgação. A História não esta acabada e descobri-la através do fazer historiográfico é maravilhoso! Não deixem de conhecer estes trabalhos!


Referências


BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

 

Entrevista realizada por: Andréa Sannazzaro

Redação: Éverton Aragão, Andréa Sannazzaro


Andréa Sannazzaro, mineira, 30 anos, Doutoranda em História.

É uma Historiadora de formação, com mestrado em Artes Cênicas, e atualmente doutoranda em História. Estuda Gênero e Teatro.. Gosta de café, gatos, poesia, cinema e teatro.


Éverton Aragão, PE/PB, 21 anos, Mestrando em História.

Fascinado pela História Ambiental do Brasil, escreve sobre o pau-brasil.

 


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