Arqueólogos encontraram 1930 ferramentas de calcário com características de confecção humana na Caverna Chiquihuite, região montanhosa localizada no estado de Zacatecas, no centro-norte do México. Segundo a pesquisa publicada na quarta-feira (22) na Revista Nature, no total, 42 sítios arqueológicos foram catalogados e tal descoberta reacende o debate sobre o povoamento do continente americano: os objetos encontrados são 15 mil anos mais velhos que as evidências humanas mais antigas que se tinha conhecimento. Entre as ferramentas encontradas estão lanças e lâminas finas, o que demonstram que as pedras foram manipuladas pela mão humana.
Como nenhum material genético foi encontrado, pesquisadores acreditam que a caverna onde tais instrumentos foram encontrados servia como uma espécie de “hotel”, um local onde grupos nômades de caçadores e coletores do Último Máximo Glacial (período entre 26 mil e 19 mil anos atrás) repousavam quando migravam pela região (provavelmente quando faziam uma rota costeira pelo pacífico). A presença de alguns fósseis de ursos-negros, roedores e morcegos indicam que era um ponto muito conhecido pelos antigos seres humanos e que também servia de abrigo para animais.
As quase 2000 ferramentas encontradas já comprovam a presença humana na América em tal período e agora um estudo paralelo tenta relacioná-la com a extinção de animais, como os mamíferos da megafauna, que habitavam o continente durante a era glacial. De acordo com Mikkel Winther Pedersen, geneticista da Universidade de Copenhagen, como as grandes manadas não eram acostumadas com seres humanos, eles se tornaram presas fáceis e isso contribuiu para o desaparecimento.
A análise do material durou mais de uma década para ser concluída e teve ajuda da polícia, pois a região de Chiquihuite é dominada por cartéis. A descoberta traz mais perguntas do que respostas: as ferramentas encontradas no México e outros achados fazem “teorias clássicas” sobre o povoamento da América serem repensadas por historiadores e arqueólogos. A pesquisa revela que os primeiros habitantes da América chegaram antes do povo Clóvis, que viveu no continente há 13 mil anos e era considerado o mais antigo habitante do Novo Mundo.
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