O viajante é abordado rapidamente nos livros escolares quando se fala do "descobrimento" do Brasil. Mas qual é a origem desse herói lusitano?
Pedro Álvares Cabral (ou também Pedr'Álvares Cabral) nasceu em Belmonte, Portugal, entre 1467 e 1468 (não se sabe a data exata). Ele era um fidalgo (filho de algo), um título de baixa nobreza hereditário dado a pessoas cujos antepassados fizeram grandes feitos. Cabral deve esse título (e seus sobrenomes) a seu trisavô, Álvaro Gil Cabral, um herói da famosa Batalha de Aljubarrota (1385) — batalha esta que consolidou a Casa de Avis no trono de Portugal durante a crise sucessória conhecida como Interregno.
Durante a guerra, Álvaro Gil Cabral defendeu com unhas e dentes o Castelo de Belmonte, construído pelo rei Dom Dinis I em 1226. Por isso, recebeu o cargo hereditário de alcaide-mor do castelo e o direito de possuir um brasão, em que Álvaro decidiu colocar três cabras (animal símbolo da região da Serra da Estrela, que segundo ele eram "valentes e leais"). Após esse grande acontecimento, a família de Pedro Álvares Cabral controlou a região como se fosse um feudo por quase 200 anos.
O filho de Álvaro e bisavô do "descobridor" do Brasil, se chamava Luís Álvares Cabral e também ajudou da Batalha de Aljubarrota. Além disso, ele foi fiscal de finanças do infante Dom Henrique e participou da Conquista de Ceuta no ano de 1415. Em Marrocos, Luís estava na companhia de seu filho Fernão Álvares (avô de Pedro). Este teve um filho também chamado Fernão Álvares, apelidado de Gigante da Beira (devido a sua altura de 1,90 m, incomum na época). O "gigante" se casou com uma mulher muito rica chamada Dona Inês de Gouveia e juntos tiveram sete filhos, sendo o segundo Pedro Álvares Cabral. Como pudemos ver, todos possuem "Álvares" como sobrenome (que significa "filho de Álvaro"), fazendo referência ao grande ancestral. Essa é uma tradição ibérica muito comum e sobrenomes como Rodrigues ("filho de Rodrigues), Gonçalves (filho de Gonçalo), Fernandes (filho de Fernando), Alves (redução de "Álvares"), etc...
Como já mencionado, o cargo ganho pelo trisavô de Pedro era hereditário e os bens da família não eram repartidos igualmente após a morte dos pais, tendo o direito da herança somente o primogênito. Mesmo não tendo direito a nada, pode-se dizer que Pedro Álvares Cabral foi o homem mais sortudo de toda a história de sua família, pois ele se casou com a riquíssima Dona Isabel de Castro (neta dos reis de Portugal e Castela, além de ser sobrinha do grande explorador Afonso de Albuquerque). Sendo membro da corte do rei Dom João II e da Ordem de Cristo, Pedro se envolveu com as grandes expedições marítimas da época e em 15 de Fevereiro de 1500 foi nomeado pelo rei capitão-mor da armada que chegaria ao Brasil em 22 de Abril do mesmo ano. Historiadores acreditam que Pedro Álvares Cabral nunca tinha navegado antes e por isso, sua estreia também foi a viagem mais importante de sua vida.
Referências
BUENO, Eduardo; De Lisboa a Vera Cruz (p. 37-39) in A viagem do descobrimento: um olhar sobre a expedição de Cabral. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2016.